A prisão do pastor presbiteriano e ex-ministro da Educação Milton Ribeiro na terça-feira (22), trouxe à tona mais um escândalo na era Bolsonaro. Batizada como o nome “Acesso Pago”, a operação prendeu o ex-ministro sob alegação de prática de suposto tráfico de influência e corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao Ministério da Educação.
Em fevereiro de 2021, o prefeito Alan Guedes e Henrique Sartori estiveram ao lado de Milton Ribeiro, na oportunidade, selaram uma “jogada” pouco popular, para afastar a reitora (interventora) da UFGD e assim trocá-la por outro nome, o de Lino Sanabria, que após chegar ao cargo de reitor pró-tempore da UFGD, assinou autorização da cedência de servidores da UFGD para o executivo Municipal.
Acontece que os impactos da prisão do ex-ministro já tiveram repercussão no Centro-Oeste brasileiro, conhecido como peça importante para firmar a intervenção na UFGD, Milton Ribeiro assinou a troca do reitor temporário da UFGD após Mirlene Ferreira Macedo Damazio acumular atritos com o chefe do executivo Municipal, Alan Guedes (PP) que foi notoriamente guiado pelo ex-secretário de governo, Henrique Sartori. Cabe lembrar que durante o período de campanha, Guedes assinou documento onde selou comprometimento com a autonomia universitária.
Parece que a prisão do ex-ministro não só inaugura uma fase de atenção aos escândalos envolvendo a educação, pois estreia também uma corrida do governo federal para “apagar” grandes erros. Um dia após a prisão, foi publicado Decreto da presidência da república nomeando o professor JONES DARI GOETTERT para o cargo de reitor, o que por sua vez, dá fim a intervenção da UFGD que já se arrastava por dois anos. O nome de Jones era um dos que compunham a lista tríplice para escolha do reitor, mas não era o primeiro.
Em entrevista, Etienne Biasotto, reitor eleito pela comunidade acadêmica comentou o decreto e também pontuou a movimentação contínua desde a intervenção para fazer valer a autonomia acadêmica, inclusive, mencionou a decisão do TRF da 3ª Região que prolatou decisão para que a lista tríplice fosse respeitada.
“Infelizmente, a democracia não foi respeitada em nossa instituição. Mas, temos que ressaltar, a democracia vem sendo atacada todos os dias no nosso país, e nas Universidades, ela foi fortemente desrespeitada. Acredito que nossa defesa pela autonomia universitária teve impacto nessa nova nomeação. Mostramos para o Brasil que a constituição existe para ser cumprida” comentou Etienne Biasotto.
Nem mesmo a equipe do ex-reitor pro-tempore, Lino Sanabria, sabia da nomeação de Jones Dari, em Brasília, Lino está acompanhando a reunião da ADIFES, Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Ao que parece, há uma movimentação coordenada em Brasília para “aparar” arestas deixadas pelo ex-ministro preso, Milton Ribeiro.