Em 1999, quando já vinha de dois títulos do Campeonato Estadual de Futebol de Mato Grosso do Sul, o Ubiratan atingiu o auge, conquistando o tri de forma invicta, levando os torcedores de Dourados à loucura. O Leão da Fronteira completou 75 anos no último dia 5 de fevereiro e, por este motivo, resgatamos aqui momentos inesquecíveis dessa história repleta de conquistas.
Em 1999, o presidente Joaquim Soares, que até hoje está à frente do clube, contratou o técnico Nei César que conseguiu colocar o trabalho do time de 1998, que havia conquistado o bi, em um outro patamar. Segundo o jornalista Fábio Dorta, uma das referências da crônica esportiva de MS, o time de 1999 teve poucas mudanças em relação ao do ano anterior.
"“O clube passou praticamente toda a competição entre os primeiros colocados e, novamente, chegou na final diante do Comercial, com direito de decidir em casa. A primeira partida foi no Morenão e o Leão da Fronteira não teve conhecimento do Colorado, vencendo por 1 a 0, abrindo uma grande vantagem. Na volta, com mais de 20 mil pessoas no Douradão, o Leão levou um susto quando Benê abriu o placar para os visitantes logo no começo do jogo. Mas, na segunda etapa, um gol de cabeça do zagueiro Elcio garantiu o título”, pontuou.
O Estadual de 1999
Na primeira fase o Ubiratan ficou em segundo lugar no grupo B, atrás do Operário de Dourados. Nas quartas de final o adversário do Leão da Fronteira foi o Paranaibense, e o Ubiratan venceu os dois jogos, em Campo Grande e em Dourados, ambos pelo placar de 3 a 1.
Na semifinal o Ubiratan enfrentou o União e também venceu os dois jogos. O primeiro em Dourados por 2 a 0, e o segundo, em Campo Grande por 3 a 0. O Ubiratan estava na final.
O adversário seria o Comercial de Campo Grande que eliminou nas quartas de final o Corinthians de Bataguassu, e na semifinal, o Operário de Dourados.
A final seria disputada numa melhor de 3 partidas. Na primeira, em Campo Grande, o Ubiratan venceu por 1 a 0, com um gol de Paulo César. No segundo jogo, em Dourados, o campeão já poderia ser conhecido caso o Ubiratan vencesse, mas o jogo terminou empatado em 0 a 0. As emoções ficaram guardadas para o 3º e último jogo da decisão.
A decisão
Mesmo com a vantagem do empate e o retrospecto amplamente favorável, o técnico do Ubiratan Nei César armou seu time no ataque, para vencer. Para isso, escalou desde o início os três principais goleadores da competição: Alexandre das Arábias, 12 gols, Andrade, 8, e Paulo César, sete gols.
O Comercial entrou em campo determinado em não levar nenhum gol e usou a experiência de seus jogadores para catimbar o jogo, numa tentativa de desmontar o esquema tático de Nei César, deixando nervosos os jogadores adversários. Foi um festival de "cai-cai", reclamações e troca de insultos. O árbitro Getúlio Barbosa teve bastante trabalho para segurar os ânimos dos atletas.
Logo no início, os comercialinos armaram uma confusão e a partida ficou paralisada por mais de quatro minutos, tudo porque Chaveirinho se jogou ao chão, simulando uma agressão inexistente.
Quando tudo parecia calmo, Oscavo deu um soco no rosto de Andrade, aos 15 minutos, e foi expulso: novo tumulto e nova paralisação. Nervoso e com um jogador a mais, o time do Ubiratan não conseguiu tirar proveito dessa situação e pouco produziu de ataque no primeiro tempo.
O Comercial, na dele, retrancado e jogando nos contra-ataques assustou a torcida ubiratanense, quando, aos 24 minutos, numa cobrança de falta Dubinha chutou forte; a bola desviou na barreira e sobrou para Chaveirinho, que encontrou, sozinho, na área o atacante Benê, que só tem o trabalho de marcar o primeiro gol da final.
No segundo tempo, empurrado pela grande torcida douradense que compareceu no Douradão, o Ubiratan pressionou e chegou ao gol de empate, que seria o do título, aos 34 minutos. Depois de um bate-rebate, o zagueiro central Élcio, de meia bicicleta, empatou o jogo, levando a torcida ao delírio.
Depois do gol de Élcio, o Comercial cresceu na partida e numa cabeçada, Benê acertou o travessão de Leis. O Ubiratan teve também duas grandes oportunidades do segundo gol, mas Aranha salvou. Quando o árbitro terminou a partida a festa foi geral em Dourados. O Ubiratan conquistou o seu 3º título, invicto.
O jornalista douradense Waldemar Russo reconhece o grande feito atingido pelo Ubiratan naquele ano, mas lembra que, na opinião dele, o melhor time do Leão foi o de 1988, que infelizmente não ganhou o campeonato. “O melhor time do Ubiratan não foi campeão, que foi o de 88, que tinha Garcia, Paulo Roberto, Cícero, Correia, Carlos Roberto, Amauri, Serginho, Pedro Paulo, Freitas e Osni”, destacou.