Após entrar para o seleto grupo de campeões estaduais de futebol em Mato Grosso do Sul, com o título de 1990, o Ubiratan tinha a confiança que precisava para alçar voos ainda maiores. O clube de Dourados oscilou na gestão, ficou de fora do profissionalismo por alguns anos naquela década, mas retornou em grande estilo em 1998, já sob o comando do atual presidente Joaquim Soares.
O Estadual de 1998 foi um dos mais longos da história pois teve nada menos do que a participação de 21 equipes. Na primeira fase, o Leão começou mal e perdeu logo na estreia, quando foi superado pelo Sena, de Nova Andradina, por 1 a 0, no estádio Douradão. Apesar do tropeço, se reabilitou, encontrou um padrão de jogo.
A equipe avançou para a segunda fase, mostrou superioridade e ficou em primeiro lugar, indo para o hexagonal final, onde também conseguiu superar os adversários e terminou em primeiro lugar. O jornalista Fábio Dorta, que acompanhou a campanha, lembrou que o Leão da Fronteira tinha ótimos jogadores, com destaque para o meia Fialho, que foi o artilheiro com 19 gols.
“Além disso, tinha o excelente treinador Everton Stringhetta, ex-goleiro com passagem por times do Paraná, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Clube Atlético Dourados e o próprio Ubiratan”, explicou Dorta.
Classificado
Líder do hexagonal, o Leão avançou à semifinal para enfrentar o Ivinhema. O primeiro jogo em Ivinhema foi dramático. O Ubiratan, após estar perdendo por 3 a 1, proporcionou uma espetacular reação e conseguiu sair de campo com um empate heróico de 3 x 3. No jogo de volta, em Dourados, venceu por 1 x 0, que o levou à final do campeonato.
A outra vaga para a final foi decidida entre a Sociedade Esportiva e Recreativa Chapadão do Sul e o Operário Atlético Clube, de Dourados. O Operário venceu a primeira partida em Dourados por 4 x 2, mas no jogo de volta, em Chapadão do Sul, a equipe local goleou por 5 x 0, assegurando assim a vaga para a final.
“O Ubiratan fez a final diante da serc e jogava por dois resultados iguais por ter feito a melhor campanha. Na primeira partida em Chapadão do Sul, a vitória do time casa por 1 a 0 em um jogo tumultuado em que o árbitro Luís Nunes D’ávila foi agredido por um atleta do time da casa, após expulsá-lo de campo. Ele precisou ser levado para um hospital e o árbitro reserva assumiu o comando da partida. Com grande público no Douradão o Ubiratan sobrou e venceu por 3 a 0, com destaque para um golaço de falta marcado pelo artilheiro fialho”, lembrou Dorta.
Final
O Ubiratan por ter tido a melhor campanha, jogava por dois resultados iguais e faria o último jogo em Dourados. O primeiro jogo, em Chapadão do Sul, foi bastante tumultuado e o Chapadão conseguiu a vitória de 1 x 0, com um gol marcado no segundo tempo. As atenções se voltaram à partida decisiva em Dourados.
Os mais de 7 mil torcedores que estiveram no Douradão, na tarde de um domingo, assistiram uma grande partida de futebol. Ubiratan e Chapadão fizeram um jogo digno de uma final de campeonato. Depois de perder por 1 a 0 em Chapadão do Sul, o bicampeonato do "Leão da Fronteira" dependia de uma vitória no estádio Frédis Saldivar.
Favorecido pelo empate, o Chapadão veio para Dourados decidido em não arriscar nada. Fechada e bem plantada na defesa, a equipe da região do "Bolsão" dependeu todo o primeiro tempo da partida dos contra-ataques para chegar ao gol defendido por Júlio César.
O Ubiratan, ao contrário, dependendo da vitória e com o apoio da torcida, jogou 30 minutos de um futebol de alta categoria, com toque de bola refinado. Nessa primeira meia hora de jogo, o "Leão" perdeu pelo menos cinco reais oportunidades de gol. Faltava tranquilidade na finalização dos jogadores de ataque, que mesmo assim, obrigou o goleiro Samir, do Chapadão, a grandes defesas.
Na realidade, nos 10 minutos finais do primeiro tempo, o Ubiratan passou um sufoco no Douradão. Todas as jogadas de ataque do Chapadão eram construídas para a finalização do centroavante Batuíra, que ganhou todas as jogadas aéreas da defesa do Ubiratan. Aos 42 minutos, o árbitro Getúlio Barbosa anulou um gol anotado por Cláudio de cabeça, depois de um cruzamento da esquerda. Getúlio viu alguma irregularidade e apitou antes do cruzamento que originou o gol. A defesa do Ubiratan ficou parada no lance. O Chapadão reclamou bastante da anulação do gol.
O panorama do início do segundo tempo foi idêntico ao da primeira etapa: o "Leão" no ataque e o Chapadão, na defesa, fechado, de olho no empate. Quando o jogo ficava dramático, com a torcida já impaciente e os jogadores com sintomas de nervosismo, surgiu a figura do artilheiro, do matador, para definir a partida e o título sul-mato-grossense.
Aos 11 minutos uma falta perigosa na entrada da grande área do Chapadão. Fialho cobra com perfeição, no ângulo do bom goleiro Samir: Ubiratan 1 x 0 Chapadão, para delírio da torcida douradense. Com o gol Fialho empatava com Batuíra, na artilharia do campeonato com dezoito gols.
Mas, o bicampeonato estadual do Ubiratan foi comemorado de fato, aos 14 minutos, num contra-ataque rápido, Fialho é derrubado na grande área: pênalti, que ele mesmo converteu: Ubiratan 2 x 0 Chapadão. Fialho, enfim, o artilheiro isolado do campeonato estadual.
Esses dois gols "mataram" o Chapadão, que não teve forças para sequer esboçar alguma reação. O gol de misericórdia, que sacramentou o título estadual para o futebol de Dourados, aconteceu aos 33 minutos. Marco Antônio, chutou de bico, da entrada da grande área, e Samir deixou passar por debaixo das pernas, levando um frangaço. Ubiratan 3 x 0 Chapadão.
No final da partida, aos 47 minutos Vagner, do Chapadão, e Roberto Nunes, do Ubiratan, foram expulsos pelo árbitro Getúlio Barbosa, que foi auxiliado por Luiz Nunes D’Ávila e Alécio Aparecido Lezo.