Diante da possibilidade de volta da CPMI das Fake News e de uma nova CPI da Covid, integrantes do Palácio do Planalto passaram a atuar para tentar evitar que as comissões funcionem em 2022, ano eleitoral.
Assessores do presidente Jair Bolsonaro têm procurado senadores e deputados para convencê-los a não apoiar o funcionamento das comissões, argumentando que elas podem representar desgaste para Bolsonaro.
Segundo apurou o blog, em algumas conversas, o governo está oferecendo apoio na eleição, o que significa liberar de forma mais rápida recursos de emendas parlamentares.
O objetivo: garantir que esses parlamentares não apoiem a volta dos trabalhos da CPMI das Fake News e não assinem o requerimento de criação da nova CPI da Covid.
O presidente da CPMI das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA), disse ao blog que a comissão voltará a funcionar neste ano, mas pode demorar um pouco mais em razão do avanço da variante ômicron do coronavírus.
"A CPMI vai voltar a funcionar, foi o que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nos garantiu. Mas não deve ser possível agora em fevereiro por causa da rápida disseminação da ômicron”, afirmou.
A relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata, afirmou que neste ano o foco das investigações da comissão será a divulgação de conteúdo falso em relação às eleições.
Segundo ela, a CPMI vai trabalhar em parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Polícia Federal (PF) para que as investigações sejam feitas rapidamente, tão logo seja identificada alguma ação de disparo de fake news nas redes sociais.
Essa eventual atuação da CPMI não agrada o presidente Jair Bolsonaro. Segundo integrantes da equipe presidencial, a comissão pode ter como alvo grupos bolsonaristas que atuam nas redes sociais. Esses grupos já são alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nova CPI da Covid
No caso da nova da CPI da Covid, o Palácio do Planalto não quer repetir o comportamento do ano passado. Isto é, quando decidiu tentar convencer senadores a retirarem assinaturas para inviabilizar o funcionamento da comissão, já era tarde.
A comissão funcionou e representou um grande desgaste para o presidente Bolsonaro.
Os senadores do Observatório da Pandemia já estão colhendo assinaturas para criação da nova comissão. Até agora, conseguiram 14 das 27 necessárias. Eles reconhecem, porém, que não será tão fácil como no ano passado.
"O governo está procurando senadores para convencê-los a não assinar o requerimento e estão oferecendo vantagens no ano eleitoral", disse ao blog o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos autores do novo requerimento.