O dólar volta a operar em queda nesta sexta-feira (12), dando sequência ao movimento da véspera, ainda em meio a expectativas crescentes de que o Banco Central endurecerá o ritmo da alta dos juros para tentar conter a inflação.
Às 9h05, a moeda norte-americana recuava 0,17%, cotada a R$ 5,3947.
Na quinta-feira, o dólar fechou em queda de 1,74%, cotado a R$ 5,4041– maior recuo desde 24 de agosto deste ano (-2,25%) e menor patamar para encerramento desde 1° de outubro (R$ 5,3696). Com o resultado, a moeda norte-americana passou a acumular queda de 4,31% no mês. No ano, porém, ainda tem alta de 4,18%.
Na agenda econômica, o IBGE divulgou o resultado do setor de serviços em setembro, que mostrou um recuo de 0,6%, após cinco meses de crescimento – mais um resultado negativo para a economia: na véspera, o mesmo IBGE apontou que as vendas do comércio caíram pelo segundo mês seguido em setembro.
No mercado financeiro, crescem as apostas de que o Banco Central pode intensificar seu atual ritmo de elevação de juro para conter a escalada da inflação, que atingiu 10,67% no acumulado em12 meses até outubro.
Atualmente, os juros básicos estão em 7,75% ao ano, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC promover alta de 150 pontos-base na sua última reunião. Juros mais altos tendem a favorecer o real, uma vez que tornam os retornos do mercado de renda fixa doméstico mais atraentes para investidores estrangeiros, consequentemente elevando o fluxo de dólares para o país.
Em Brasília, as atenções seguiram voltadas para a tramitação da PEC dos Precatórios no Senado. A proposta é encarada como prioritária pelo governo para bancar o Auxílio Brasil no valor mínimo de R$ 400 por família.
A proposta adia o pagamento de precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça) e altera o cálculo do teto de gastos (regra pela qual, de um ano para outro, as despesas do governo não podem crescer mais que a variação da inflação). As duas mudanças abrem um espaço orçamentário de cerca de R$ 90 bilhões para o governo gastar em 2022, ano eleitoral — o que é visto como especialistas como uma forma de “contornar” o teto de gastos -- considerado uma importante âncora fiscal.
Embora a proposta ainda precise passar pelo Senado -- e talvez até voltar para a Câmara dos Deputados, caso haja modificações no texto --, seu progresso recente "acaba aliviando tensão e risco fiscal que ganharam cada vez mais peso nos ativos locais" nas últimas semanas, comentou João Vítor Freitas, analista da Toro Investimentos. "Dá um pouco mais de previsibilidade para os mercados."