As emissões globais de gás carbônico (CO2) terão o segundo maior aumento da história em 2021, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) em seu relatório anual sobre energia global, divulgado nesta nesta terça-feira (20). O aumento nas emissões será de 1,5 bilhão de toneladas.
Segundo o relatório, o crescimento das emissões será motivado pela recuperação na demanda de carvão, principalmente no setor de energia. O crescimento do carvão neste ano deve ser 60% maior do que o de todas as energias renováveis juntas.
"Esta recuperação econômica é tudo menos sustentável para o nosso clima", afirmou, em uma publicação na rede social Twitter, o diretor da AIE, Fatih Birol.
Veja outros pontos do relatório:
- A demanda global de energia deve aumentar 4,6% em 2021. O aumento é maior do que a redução de 4% vista em 2020 e está 0,5% acima dos níveis de 2019.
- Quase 70% do aumento projetado na demanda global de energia ocorre em mercados emergentes e economias em desenvolvimento – onde a demanda deverá aumentar para 3,4% acima dos níveis de 2019. O uso de energia em economias avançadas deve ficar 3% abaixo dos níveis anteriores à pandemia.
- A demanda global de carvão deve crescer 4,5% neste ano – ficando mais alta do que em 2019 e perto de seu pico, em 2014.
- A demanda de petróleo também está se recuperando rapidamente, mas, com o setor de aviação ainda lento, deve ficar abaixo do pico de 2019.
- O crescimento das energias renováveis está acelerando, com a energia solar e eólica registrando aumentos recordes.
- A eletricidade renovável deve crescer mais de 8% em 2021, sendo responsável pela maior parte do aumento no fornecimento de energia global. Quase metade do crescimento vem da China, seguida pelos Estados Unidos e União Europeia.
- Por outro lado, com o aumento na demanda por carvão, 80% da queda de emissões em 2020 seria revertida, com as emissões terminando apenas 1,2% abaixo dos níveis de 2019.
"São necessárias grandes mudanças de política para alterar essas tendências", disse Birol."Nosso novo relatório mostra que as tendências globais de emissões de CO2 relacionadas com a energia são terríveis. Se os governos não agirem agora para acelerar a mudança dos combustíveis fósseis para a energia limpa, as coisas vão piorar em 2022", afirmou.
O diretor lembrou que, nesta semana, ocorrerá a "Cúpula dos Líderes sobre o Clima". A reunião, para a qual o presidente Jair Bolsonaro foi convidado, deverá ter 40 líderes mundiais, marcando a preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP26 – prevista para acontecer de 1º a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia.
No encontro, os Estados Unidos vão anunciar a meta americana de redução de emissões de gases estufa até 2030. Os americanos são o segundo maior emissor desses gases do mundo, perdendo apenas para a China.
O intuito das metas é que cada país determine o seu objetivo nacional de modo a evitar que a temperatura do planeta aumente mais que 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.