O Brasil teve mais mortes por Covid-19 nos últimos sete dias do que Estados Unidos, México, Itália e Rússia somados, apontam dados do Our World in Data desta segunda-feira (29).
O país registrou 18.164 óbitos, contra 16.031 dos outros quatro com mais óbitos na semana passada (6.787 nos EUA, 3.587 no México, 2.991 na Itália e 2.666 na Rússia).
EUA, México, Itália e Rússia têm somados mais de 650 milhões de habitantes, mais que o triplo da população brasileira (209 milhões).
Com 1.605 mortes nas últimas 24 horas, o Brasil atingiu um novo recorde na média de óbitos pelo terceiro dia consecutivo. A alta é de 40% na comparação com a média de 14 dias atrás.
Sozinho, o Brasil respondeu por 27% de todas as 68.002 novas vítimas do coronavírus do mundo e voltou a superar a União Europeia (17.887), que reúne 27 países da Europa.
O bloco europeu tem 446 milhões de habitantes, mais que o dobro da população brasileira.
O Brasil registrou quase o dobro de mortes do que a Ásia (7.716) e a África (2.010) somadas. Os dois continentes têm, juntos, quase 5,5 bilhões de habitantes (mais de 70% da população mundial).
A África tem 930 milhões de habitantes, quase o quádruplo da população brasileira, e a 4,5 bilhões de pessoas vivem na Ásia, mais de 21 vezes o número de habitantes do Brasil.
A disparada no número de mortes no Brasil ocorre em meio a recordes diários de vítimas em vários estados, à proliferação de variantes pelo país e atrasos na entrega de vacinas contra a Covid-19.
Mais da metade dos estados brasileiros já registram recorde mensal de mortes por Covid-19 em março, antes mesmo de o mês acabar, segundo dados das secretarias estaduais de Saúde.
Já foram 56.012 óbitos pela doença neste mês no Brasil, de longe o pior número mensal desde o começo da pandemia. Até então, o pior número havia sido visto em julho, com 32.912 (veja gráfico abaixo).
Infográfico mostra que, mesmo 12 dias antes de terminar, março já é o mês mais letal da pandemia no Brasil, com 35.507 mortes pela Covid-19. — Foto: Guilherme Luiz Pinheiro/G1
Em meio ao recrudescimento da pandemia, a variante P1, originalmente detectada em Manaus, já representa 64% de todos os infectados na cidade de São Paulo, segundo a prefeitura da capital paulista.
Enquanto isso, a vacinação contra a Covid-19 ainda caminha a passos lentos. Quase 15,5 milhões de brasileiros receberam ao menos uma dose do imunizante (o equivalente a 7,3% da população brasileira). Outros 4,6 milhões receberam as duas doses previstas (2,2%).
Na terça-feira (23), o Ministério da Saúde reduziu em quase 10 milhões o total de doses de vacinas contra Covid-19 previstas para abril (1 milhão de doses a menos da Pfizer e 8,85 milhões de Oxford).
O governo previa no dia 15 repassar 57,1 milhões de doses em abril, mas a projeção caiu para 47,3 milhões. Houve redução também nas entregas previstas para maio.
Foto mostra outdoor com texto 'obrigado presidente, pelos esforços e verbas destinadas ao combate a Covid-19 #fechadoscombolsonaro' ao lado do rosto do presidente Jair Bolsonaro coberto de tinta vermelha e pichado com a palavra 'genocida' em Carpina (PE), na Zona da Mata Norte pernambucana, a 45 km de Recife. — Foto: Leo Malafaia/AFP
Já o Instituto Butantan, do governo do estado de São Paulo, liberou mais 5 milhões de doses da vacina CoronaVac ao Ministério da Saúde nesta segunda-feira (29).
É a maior remessa de doses envasadas pelo instituto, que já entregou 32,8 milhões de doses ao governo federal desde o início de janeiro.