O jogo entre Guarulhos e Campinas neste sábado (7) será o reencontro do ponteiro Deivid Mota com as quadras de Campo Grande. O ponteiro do Guarulhos nasceu em Pedro Gomes (MS), cidade com pouco menos de 7 mil habitantes, e foi descoberto em jogo na escola. Após chegar na capital nesta sexta-feira (6), o jogador bateu um papo exclusivo com o ge.
O retorno a capital sul-mato-grossense, despertou memórias em Deivid logo após o desembarque:
– É muito nostálgico. A gente passou pelo Círculo Militar e eu me lembrei de quando joguei ali. Nossa, quando eu vi, eu lembrei direitinho. É muito nostálgico olhar assim, eu vi o aeroporto, o tuiuiu.
Deivid tinha apenas 13 anos quando, durante uma partida no campeonato interclasses do colégio, foi descoberto pelo então treinador Luiz Alberto Antunes, o Melão.
“Quando eu vi o Deivid, vi um talento. Hoje é muito legal ver ele na televisão jogando a Superliga”, orgulha-se Melão.
O desempenho garantiu ao adolescente uma bolsa integral na Moderna Associação Campo-grandense de Ensino (Mace). Mais velho de quatro filhos, o adolescente deixou a cidade pequena para morar na casa do técnico, em Campo Grande.
“No começo foi bem complicado, fiquei longe dessa família, era muito novo”, lembra Deivid.
Com o suporte de Melão, Deivid continuou se desenvolvendo no esporte. Com 16 anos, deixou o estado natal para jogar no Banespa, time que se destacava no cenário nacional da época.
“Saí de Pedro Gomes, aquela cidade bem pequena, e vim para cá, pra capital, que já era uma coisa enorme. Depois de um tempo saí daqui e fui para São Bernardo, que fica no grande ABC, que é maior ainda. Foi bem legal”, garante o ponteiro.
A partir de então, o jogador não parou mais, tendo passagens pelo Maringá, Bento Vôlei e times da Grécia e França. De volta a Campo Grande, o jogador revisitou não só os lugares, mas também as comidas sul-mato-grossenses.
“Eu tava no restaurante e já falei com Sandrinho, nosso levantador, ‘pega aquilo ali, come aquilo lá’. A nossa gastronomia aqui é muito boa”, comenta.
Há cerca de oito anos, os pais do jogador moram em Guararapes (SP), mas familiares maternos ainda vivem em Pedro Gomes, destino de Deivid em algumas férias.
“Eu venho, não com a frequência que gostaria, né? Porque a gente está sempre viajando e quando tem uma folga eu quero ir para casa dos meus pais lá em Guararapes. Aí quando eu tenho uma folga grande mesmo, de temporada, eu venho”, conta ao ge.
Aos 35 anos, o ponteiro ressalta a importância da educação e persistência na vida de qualquer atleta.
– Tem que se dedicar, não pode largar os estudos de forma alguma. Nunca desista, independente de onde você saiu e suas condições sociais e financeiras. A gente sabe que nem tudo é fácil para todo mundo, às vezes o start é diferente para as pessoas. Quando tudo parecer que está difícil, é nessas horas que a gente tem que acreditar mais ainda.
É com esta mesma determinação que o Guarulhos entra em quadra neste sábado (7) contra o Campinas pela nona rodada da Superliga Masculina de Vôlei.
Do outro lado da rede estará outra prata da casa: Judson, central do Campinas. Com 10 anos de diferença, os jogadores não chegaram a se cruzar pelas quadras em Campo Grande.
“Nessa época [que jogava em Campo Grande] ele não estava ainda. A gente ganhava tudo, eu lembro. As finais eram sempre Mace e Dom Bosco”, recorda Deivid.
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Neste sábado, na arquibancada do Ginásio Guanandizão, Deivid vai encontrar rostos conhecidos.
– Eu falei com alguns amigos meus, um líbero que jogou comigo vai com a esposa e o filhinho, além do meu treinador Melão.
Sobre o jogo deste sábado, reconhece a força da equipe adversária, mas garante que o Guarulhos chega focado.
“A gente sabe do poder do time de Campinas com o Bruninho, Bruno Lima, Adriano. A gente vai entrar para fazer o nosso melhor e buscar a vitória sempre. Vai ser um jogo difícil, mas a gente vai pra cima”, afirma o ponteiro.