José Tibiriça Martins Ferreira (*) –
No começo do século XX muitas famílias migraram desse Estado para nosso velho Mato Grosso por causa principalmente da guerra interna entre os chimangos e maragatos. Já a sofrida população mais pobre, de carreta de boi, muitos fugindo da belicosidade, vieram atrás de uma vida melhor no Sul de Mato Grosso. Requereram terras na região fronteiriça, um incentivo criado para a colonização pós guerra da Tríplice Aliança. Esses eram mais dedicados à pecuária, pois na sua maioria oriundos dos pampas, descendentes do gaúcho de origem ibérica, que nas guerras contra o dominio espanhol garantiram nossas fronteiras.
Meu avô materno Mantilha Martins de origem espanhola por parte do pai, mãe charrua, em 1908 com o pai, Domingos Martins, seu avô Manoel Martins que ao receber a herança da mãe Rosa Maria da Silva em São Braz, Município de São Borja, vendeu a propriedade ao primo Francisco Martins Dutra e com a família, de carro de boi, vieram para a região de Ponta Porã. A viagem durou um ano e sete meses, partindo da Estância, entraram na Argentina, seguindo a carreteira antiga, cortando as terras do Paraguai e assim retornaram ao solo brasileiro.
Na década de 70 com a expansão da agricultura no país no famoso milagre brasileiro, incentivado pelo governo militar, veio outra leva para nossa região com pessoas na sua maioria de origem italiana, alemã e outras de descendência europeia com o conhecimento do ramo e tecnologia, abriram nossos campos de barba de bode.
Com o passar do tempo, parte dos migrantes aqui instalados se mudou para o Estado de Mato Grosso, Rondônia, Pará e Maranhão. Algumas famílias que aqui viveram por um bom tempo hoje estão no Paraguai e Bolívia. Assim o agronegócio se expandiu muito bem na nossa região nesses 50 anos.
O grande problema é que os governos anteriores não se preocuparam com o meio ambiente. Tudo foi liberado a Deus dará e nem o percentual da reserva legal foi respeitado por ninguém, pois a meta era produzir. Nada contra a produção, mas enquanto em muitos estados brasileiros incentivavam o reflorestamento como o Paraná e regiões litorâneas, no extremo sul do país, não se respeitou a natureza. As matas ciliares vieram abaixo e todos
os maiores rios, Paraguai, Paraná que fluem para o sul, fora os que nascem no Estado do Rio Grande do sul, foram assoreados. Muitas construções ilegais edificadas em outras regiões, foram implantadas no estado sulista e têm tido o mesmo reflexo com os mesmos problemas. Consequentemente houve o assoreamento ao extremo que nem os diques construidos, suportaram o volume das águas desta vez.
A natureza reage a tudo que o ser humano faz de errado e hoje há denúncias constantes na região norte do Brasil de desmatamento.
O futuro do Estado do Rio Grande Sul é uma incógnita, porque há uma briga ideológica como dantes entre os esquerdistas e a ala liberal que governa o estado.
Existe assim dois governos paralelos, o legalmente eleito Eduardo Leite e do trigésimo nono ministro da República, Pimenta nomeado pelo Presidente da República que é seu representante que detém a administração dos recursos federais.
Senão houver um entendimento para o bem comum a situação se complicará para todos os gaúchos com reflexo nos dois estados vizinhos.
Já se ouve conversas de que muitas famílias pretendem migrar para outros Estados e um deles é Mato Grosso do Sul, onde muitos têm parentes.
Que sejam bem-vindos, nós sul-mato-grossenses somos bem receptivos, já recebemos os haitianos advindos de uma catástrofe de terremoto e agora o povo venezuelano que está convivendo conosco em todos os rincões do país.
(*) Advogado e produtor rural.